“Pelo bem da humanidade e pelo futuro de nosso planeta, cessem essa loucura!” Estas palavras veementes ecoam as preocupações de muitos analistas que observam a atual escalada de tensões entre os Estados Unidos, a China e a Rússia. Essa advertência nos remete ao que o falecido George F. Kennan, ex-embaixador dos Estados Unidos em Moscou, expressou no início da década de 1980, em um contexto que, embora diferente, guarda inquietantes semelhanças com nosso tempo.
“Nenhuma inteligência artificial ou sistema de defesa automatizado pode eliminar o perigo existencial em que nos encontramos hoje”, alerta António Guterres, Secretário-Geral da ONU, “a menos que reconheçamos que os líderes mundiais ainda não aprenderam a desenvolver capacidades militares avançadas, especialmente aquelas potencializadas por tecnologias emergentes como IA e armas hipersônicas, sem se tornarem reféns daquilo que criaram.”
Muitos especialistas concordam com essa avaliação sombria da geopolítica atual. O especialista em segurança internacional Fyodor Lukyanov observou recentemente que “um conflito direto entre potências nucleares nunca esteve tão próximo desde a Guerra Fria. Os próximos cinco anos são crucialmente perigosos. São alarmantes. Este é um fato que precisamos enfrentar com urgência.”
Por Que Todo Esse Alarme?
Na segunda década do século XXI, falou-se muito sobre a “multipolaridade” e um novo equilíbrio global de poder. Durante esse período, muitas pessoas acreditaram que uma guerra mundial se tornava menos provável. O Novo Tratado START foi prorrogado entre os Estados Unidos e a Rússia em 2021, e outros acordos como o Acordo de Paris sugeriam uma era de cooperação internacional.
Não é mais assim. “Nunca, desde o fim da Guerra Fria, testemunhamos um nível tão perigoso de tensão geopolítica como hoje”, enfatizou a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, em 2024, apenas três anos após o mundo ter enfrentado uma pandemia global que supostamente deveria unir as nações. “Jamais presenciamos tamanha desconfiança, incompreensão e militarização acelerada entre potências globais.”
O que originou tal tensão? Por que uma potencial Terceira Guerra Mundial, que muitos pensavam ser apenas especulação distópica, tornou-se uma possibilidade concreta? Fatores como competição tecnológica, escassez de recursos, crises climáticas e autoritarismo crescente estão todos entrelaçados. Convergem para criar uma nova corrida armamentista que especialistas temem não poder ser contida. Contudo, a menos que seja impedida, muitos advertem que esta corrida só pode conduzir à guerra.
“A história geopolítica não apresenta nenhum exemplo de acumulação acelerada de poder militar por potências rivais que não tenha culminado em conflito”, advertiu recentemente Yuval Noah Harari, ecoando as preocupações que Kennan expressou no passado. “E não há evidência de que somos mais sábios ou racionais que nossos predecessores da Guerra Fria.”
Por que não se pode parar a corrida armamentista?

No início da era nuclear, destacada por Churchill como o “equilíbrio do terror”, as armas nucleares tinham limitações técnicas significativas. Hoje, enfrentamos um cenário radicalmente diferente. Os sistemas de armas contemporâneos são caracterizados por precisão milimétrica, capacidades hipersônicas que desafiam os sistemas de defesa existentes, e aplicações militares de inteligência artificial que reduzem dramaticamente o tempo de tomada de decisão humana.
A doutrina estratégica da Destruição Mútua Assegurada (MAD), que ironicamente pode ter ajudado a prevenir uma Terceira Guerra Mundial prematura, está sendo desestabilizada por tecnologias emergentes. Como observou o falecido Henry Kissinger em seus últimos trabalhos sobre IA e segurança global: “A velocidade da guerra moderna e a autonomia crescente dos sistemas de armas estão erodindo os fundamentos da dissuasão estratégica que mantiveram o equilíbrio nuclear por décadas.”
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